Ano de publicação: 2022
O avanço das mídias digitais e sociais reformulou o conceito de comunicação
em saúde, e diferentes estratégias têm sido desenvolvidas para aumentar o entendimento sobre os
resultados das pesquisas científicas direcionadas aos gestores e à população. O mapeamento por
meio de uma revisão de escopo é necessário para identificar e avaliar a natureza e a extensão da
literatura relacionada a essas abordagens para cada público e contexto. Os resultados identificados
poderão subsidiar a tomada de decisão de setores envolvidos na promoção do uso do conhecimento
científico nos processos decisórios no que se refere à comunicação de evidências no contexto das
Políticas Informadas por Evidências (PIE). Foi realizada busca ampla e sensível em bases e repositórios de dados, além de buscas
não estruturadas em outras fontes e busca manual para identificação de estudos, de qualquer
delineamento metodológico, e documentos publicados a partir de 1o de janeiro de 2000, sobre
estratégias para comunicação de evidências científicas para gestores de saúde e/ou população,
em nível individual ou populacional, no âmbito da saúde pública ou suplementar, em qualquer nível
de assistência.
As estratégias foram classificadas e apresentadas narrativamente de acordo com
as categorias:
comunicação de risco/benefício, comunicação de incerteza, modelos de síntese de
evidências e outros documentos em linguagem acessível, orientações para elaboração/avaliação
de produtos de comunicação de evidências científicas e ensino/aprendizagem.
Esta revisão de escopo identificou 80 estudos, relatórios ou outras formas de
apresentação de informações, que abordaram 78 estratégias ou conjuntos de estratégias de
comunicação de evidências científicas em saúde para a população e/ou gestores. As estratégias
mais frequentes eram de comunicação de risco e benefícios em saúde, apresentaram abordagem. de apoio à Formulação e Implementação de Políticas de Saúde Informadas por Evidências - ESPIE
de entrega textual e tinham o status de implementadas e, de alguma forma, avaliadas. Entre as
estratégias avaliadas e que parecem apresentar algum benefício estão:
• comunicação de risco/benefício: maior compreensão de frequências naturais do
que de porcentagens; maior compreensão de risco absoluto, do que riscos relativos e
número necessário para tratar; maior compreensão e mudança de comportamento com
comunicação numérica do que nominal; maior compreensão de mortalidade do que de
sobrevida; comunicações com teor negativo ou de perdas parecem ser mais eficazes para
compreensão, satisfação e mudança de comportamento do que comunicações com teor
positivo ou de ganho; comunicação nominal pode levar à superestimativa do risco de eventos
adversos e pode levar os pacientes a tomarem decisões inadequadas sobre o uso ou não do
medicamento.
• modelos de síntese de evidências e outros documentos e linguagem acessível: plain
languages summaries para comunicar os resultados de revisões sistemáticas Cochrane
para a população foram percebidos como mais confiáveis, mais fáceis de encontrar e de
compreender e melhores para apoiar as decisões do que os resumos originais.
• ensino/aprendizagem: os recursos da iniciativa Informed Health Choices para comunicação
e aprendizagem de conceito-chave evidências em saúde parecem ser eficazes em melhorar a
habilidade em pensamento crítico em saúde logo após sua utilização, mas estes efeitos não
foram observados após um ano; o treinamento teórico-prático para parlamentares sobre
evidências científicas em saúde parece ser uma estratégia com potencial de sensibilizar e
melhorar a compreensão deste subgrupo de gestores sobre evidências em saúde. Esta revisão de escopo identificou 78 estratégias ou conjuntos para estratégias
de comunicação de evidências em saúde para gestores e população. Algumas delas foram
implementadas, avaliadas e parecem ter algum benefício para melhorar a compreensão destes
públicos sobre conceitos de evidências e resultados em saúde. Os achados desta revisão têm um
importante potencial de aplicabilidade na área de políticas informadas por evidências. Esforços
futuros são necessários para padronizar e estimular o relato destas estratégias e avaliar seus
efeitos em desfechos clínicos relevantes para o indivíduo, para a sociedade e para os sistemas
de saúde.