Atividade física para usuários de serviços de saúde com doenças respiratórias
    Physical activity for health service users with respiratory diseases

    Ano de publicação: 2022

    Contexto:

    A respiração é regulada por um complexo processo fisiológico que pode ser afetado em algumas patologias. No Brasil, a mortalidade por doenças respiratórias em relação ao total de mortes foi de 6%, no ano de 2016. Dados do período de 1995 a 2005 indicam que as doenças do aparelho respiratório estiveram entre as principais causas de internação do Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as regiões brasileiras. A atividade física (AF) pode beneficiar a saúde de indivíduos com diagnóstico de problemas respiratórios, já que a prática regular permite a manutenção dos volumes e das capacidades respiratórias, diminuindo a restrição do movimento pela rigidez da caixa torácica e da coluna vertebral, além de manter a capacidade funcional e promover o bem-estar geral.

    Pergunta de pesquisa:

    A prática de atividade física é efetiva para a melhoria da capacidade respiratória e do desempenho das atividades de vida diária de usuários de serviços de saúde com diagnóstico de patologias respiratórias? Método: As buscas foram realizadas em quatro bases de literatura científica para identificar revisões sistemáticas (RS) sobre os efeitos da prática de AF na saúde de pessoas com doenças respiratórias. A qualidade metodológica das RS foi avaliada com a ferramenta AMSTAR 2.

    Resultados:

    De 1.045 registros recuperados nas bases, 21 revisões sistemáticas foram selecionadas para esta revisão rápida. Com relação à qualidade metodológica, três RS foram classificadas como de confiança alta, uma de confiança moderada, cinco de confiança baixa e doze de confiança criticamente baixa. Os dados extraídos das RS são apresentados conforme a condição da doença respiratória avaliada. Efeito de AF em pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): Onze RS analisaram AF em pessoas com DPOC ou obstrução crônica das vias aéreas. Oito indicaram que a maioria dos desfechos avaliados não apresentaram diferenças significativas ou foram incertos entre os grupos com AF combinando exercícios aeróbicos e anaeróbicos e o comparador. Três RS analisando apenas exercícios aeróbicos apontaram maioria de efeitos positivos dessa modalidade de AF em alguns desfechos de saúde dessas pessoas.

    Efeito de AF em pessoas com hipertensão pulmonar:

    Três RS utilizando exercícios combinados indicaram efeitos benéficos. Uma RS apresentou resultados incertos em relação à qualidade de vida.

    Efeito de AF em pessoas com fibrose pulmonar:

    Duas RS combinaram exercícios aeróbicos e anaeróbicos indicaram efeito positivo ou incerto para qualidade de vida. Houve efeitos positivos nos desfechos de distância de caminhada (DTC6), capacidade de exercício e dispneia, e efeitos incertos no pico de volume de oxigênio (pico de VO₂) e no volume expiratório forçado no primeiro segundo e nenhuma diferença na participação em AF.

    Efeito de AF em pessoas com bronquiectasia:

    Uma RS apontou efeitos positivos de exercícios combinados para DTC6, qualidade de vida, distância incremental da caminhada, exacerbação de bronquiectasia, dispneia e fadiga. Indicou que não houve diferença de efeito entre os grupos para tosse.

    Efeito de AF em pessoas com câncer de pulmão de células não pequenas:

    Três RS apontaram que os efeitos foram em sua maioria positivos para pico de VO₂ e DTC6. Houve efeitos inconclusivos para a melhora na qualidade de vida.

    Efeito de AF em pessoas com sarcoidose pulmonar:

    Uma RS indicou efeitos positivos para fadiga, força muscular e DTC6 de programas de tratamentos de reabilitação para pessoas com sarcoidose pulmonar.

    Segurança de AF para pessoas com doenças respiratórias:

    Cinco RS apresentaram resultados de eventos adversos. De modo geral, elas indicaram que as intervenções de AF foram seguras para pessoas com patologias respiratórias.

    Considerações finais:

    A atividade física mostrou relação com a melhoria da capacidade respiratória e física de pessoas com doenças respiratórias. Deve-se considerar, no entanto, as limitações metodológicas da maioria das RS incluídas, a heterogeneidade de intervenções e comparadores, além da escassez de estudos para algumas das condições de saúde.

    Context:

    Breathing is regulated by a complex physiological process that can be affected in some pathologies. In Brazil, mortality from respiratory diseases in relation to total deaths was 6% in 2016. Data from 1995 to 2005 indicate that respiratory diseases were among the main causes of hospitalization in the Unified Health System (SUS) in all Brazilian regions. Physical activity (PA) can benefit the health of individuals diagnosed with respiratory problems, since regular practice allows for the maintenance of respiratory volumes and capacities, reducing movement restriction due to the rigidity of the rib cage and spine, in addition to maintain functional capacity and promote general well-being.

    Research question:

    Is the practice of physical activity effective for improving respiratory capacity and the performance of activities of daily living of users of health services diagnosed with respiratory pathologies? Method: Searches were carried out in four scientific literature databases to identify systematic reviews (SR) on the effects of PA practice on the health of people with respiratory diseases. The methodological quality of the SRs was evaluated using the AMSTAR 2 tool.

    Results:

    Of 1045 records retrieved from the databases, 21 systematic reviews were selected for this rapid review. Regarding methodological quality, three RS were classified as high confidence, one as moderate confidence, five as low confidence and twelve as critically low confidence. The data extracted from the RS are presented according to the condition of the respiratory disease evaluated. Effect of PA in people with chronic obstructive pulmonary disease (COPD): Eleven RS analyzed PA in people with COPD or chronic airway obstruction. Eight indicated that most of the outcomes evaluated did not show significant differences or were uncertain between the groups with PA combining aerobic and anaerobic exercises and the comparator. Three SRs analyzing only aerobic exercises showed the majority of positive effects of this PA modality on some health outcomes of these people.

    Effect of PA in people with pulmonary hypertension:

    Three RS using combined exercises indicated beneficial effects. One SR presented uncertain results in relation to quality of life.

    Effect of PA in people with pulmonary fibrosis:

    Two RS combined aerobic and anaerobic exercise indicated a positive or uncertain effect for quality of life. There were positive effects on outcomes of walking distance (6MWD), exercise capacity and dyspnea, and uncertain effects on peak oxygen volume (peak VO₂) and forced expiratory volume in one second and no difference in PA participation.

    Effect of PA in people with bronchiectasis:

    An RS showed positive effects of combined exercise for 6MWD, quality of life, incremental walking distance, exacerbation of bronchiectasis, dyspnea and fatigue. It indicated that there was no difference in effect between the cough groups. Effect of AF in people with non-small cell lung cancer: Three RS showed that the effects were mostly positive for peak VO₂ and 6MWD. There were inconclusive effects for improvement in quality of life.

    Effect of AF in people with pulmonary sarcoidosis:

    An RS indicated positive effects for fatigue, muscle strength and 6MWD of rehabilitation treatment programs for people with pulmonary sarcoidosis.

    Safety of PA for people with respiratory diseases:

    Five RS showed adverse event results. Overall, they indicated that PA interventions were safe for people with respiratory conditions.

    Final considerations:

    Physical activity showed a relationship with the improvement of respiratory and physical capacity of people with respiratory diseases. However, one should consider the methodological limitations of most of the SRs included, the heterogeneity of interventions and comparators, in addition to the scarcity of studies for some of the health conditions.

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