Promovendo o desenvolvimento na primeira infância
Promoting Early Childhood Development
Publication year: 2016
A primeira infância é uma etapa fundamental para o desenvolvimento, em
termos cognitivos, socioemocionais e físicos. A importância do investimento no
desenvolvimento infantil (DI) ou políticas de primeira infância fundamenta-se em vários
argumentos. O principal é o direito de todas as crianças ao desenvolvimento pleno de
seus potenciais, estabelecido pela Convenção dos Direitos da Criança e pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA). Além disso, os avanços da neurociência apontam
que nos primeiros anos de vida o cérebro se desenvolve muito rapidamente e é muito
sensível aos cuidados e estímulos. Outro argumento está relacionado ao fato de que as
crianças estão sobrerrepresentadas na pobreza em relação a outras faixas etárias, ou
em outras palavras, há uma situação de infantilização da pobreza. Acredita-se também,
nessa fase de transição demográfica do país, que é importante investir na primeira
infância para poder contar, no futuro, com uma população mais saudável. Da mesma
forma, o investimento na primeira infância pode gerar efeitos positivos em matéria de
gênero, ao promover a inserção ou reinserção laboral das mulheres, que continuam a ser
as principais provedoras do cuidado. Por fim, do ponto de vista econômico, evidências
mostram que o investimento feito em programas de qualidade para a primeira infância
tem uma alta taxa de retorno para a sociedade (a cada US$1 investido o retorno é de
até US$17) (AULICINO; LANGOU, 2015). Porém existem evidências de que, em países
em desenvolvimento, crianças menores de cinco anos estão se desenvolvendo aquém
do seu potencial, com graves consequências em relação à escolaridade e, no longo
prazo, menor poder aquisitivo e cuidados inadequados com as crianças, contribuindo
para transmissão intergeracional da pobreza (ENGLE et al., 2007).