As evidências científicas atuais destacam o uso de fluoretos como grande aliado na prevenção da cárie (POLICK; 2018). Em 2021, a OMS inclui na Lista Modelo de Medicamentos Essenciais e na Lista Modelo de Medicamentos Essenciais para Crianças materiais contendo flúor, fato que valida ainda mais sua eficácia e encoraja medidas públicas com o uso de fluoretos no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, os países precisam buscar estratégias adequadas e condizentes com seu contexto para enfrentar o problema da cárie. O flúor atua na dinâmica da formação da lesão de cárie, e ao longo dos anos a compreensão sobre sua ação ficou mais clara, estabelecendo então, a indicação de um suprimento constante de baixos níveis de flúor no ambiente bucal, o que se denomina “ação tópica do flúor”. Outro mecanismo de atuação é a incorporação do flúor na estrutura do cristal durante a formação do esmalte, denominada “ação sistêmica do flúor”, sendo que as evidências apontam para um efeito mínimo para essa última ação (BUZALAF; 2011). Para garantir a disponibilidade no meio bucal para a “ação tópica do flúor”, existe uma variedade de métodos, aplicações e fórmulas disponíveis. Todas estas formas apresentam indicações, vantagens e desvantagens, que devem ser avaliadas no contexto do seu uso. No entanto, a literatura apresenta maior força de evidência para os métodos comunitários e de auto aplicação, como, por exemplo, a água de abastecimento e o dentifrício fluoretado respectivamente (TOUMBA; 2019). Já a aplicação profissional, embora também consolidada por sua eficácia na prevenção e rotineiramente executada em consultórios odontológicos no nível individual, como agentes terapêuticos e na paralisação da doença (SLAYTON; 2018), apresenta algumas lacunas de conhecimento quando trabalhada no nível populacional, em pacientes de alto risco (HORST, 2018; POZA-PASCUAL, 2021). O desafio atual é identificar pesquisas, avaliar a qualidade das investigações e a aplicabilidade destes achados no contexto em que as decisões são tomadas no Brasil, visando potencializar o uso desses resultados para informar a formulação de políticas e auxiliar na estruturação da tomada de decisão em saúde bucal, aumentando assim a chance de sucesso das ações em saúde pública.