Condições e organização do trabalho das equipes do SAMU/RMF: riscos e agravos daqueles que trabalham contra o tempo

Publication year: 2013

INTRODUÇÃO:

A escolha de estudar sobre a organização e as condições de trabalho dos trabalhadores do SAMU da Região Metropolitana de Fortaleza (SAMU/RMF) se deu em função da dificuldade de acesso a informações que tratem dessa realidade.

OBJETIVO:

O presente estudo teve como objetivo investigar as condições e organização do trabalho dos profissionais integrantes das unidades móveis do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência da Região Metropolitana de Fortaleza – SAMU/RMF.

MATERIAL E MÉTODO:

Utilizou-se metodologia de natureza qualitativa a partir da entrevista semiestruturada e da observação, além de pesquisa bibliográfico-documental, o que possibilitou análise mais aprofundada e articulada das informações coletadas no campo.

RESULTADOS:

A organização do trabalho encontrada é precária, principalmente pela natureza do vínculo empregatício estabelecido entre os trabalhadores do SAMU/RMF e a administração no qual um contingente significativo dos entrevistados é terceirizado. Outros aspectos que comprometem a organização do trabalho se voltam para a integração entre os componentes da Rede de Atenção às Urgências, bem como os próprios integrantes das equipes das unidades móveis tipo USA e USB. Há também que se mencionar que o parâmetro utilizado para a avaliação das equipes se sustenta no binômio “tempo-resposta” é incompatível com a realidade dos trabalhadores do SAMU/RMF, o que lhes causa grande insatisfação, dada a falta de manutenção periódica das unidades móveis, longas distâncias geográficas a serem percorridas até as unidades de saúde destino e a péssima conservação das rodovias. A condição do trabalho tem como aspecto positivo a provisão dos insumos utilizados nos atendimentos e dispostos nas unidades móveis, abastecidas pela área da dispensação. Todavia, há aspectos que dificultam o trabalho no que se refere às suas condições, tais como: o comprometimento da funcionalidade plena de algumas unidades móveis por falta de manutenção, o que expõe equipes e pacientes a diversos riscos; estrutura física de algumas bases descentralizadas inadequadas para oferecer o necessário repouso aos grupos de trabalho. Há também dificuldades da administração em perceber ou receber como adoecimento ou agravo à saúde sintomas de pânico, choro, angústia, encaminhando tais casos, quando manifestados, ao Núcleo de Treinamento em Urgência – NEU, por serem interpretados como falta de treinamento ou mesmo não adaptação ao posto de trabalho.

CONCLUSÃO:

No contexto deste estudo constatou-se que a precariedade leva a um comprometimento de toda a Rede de Atenção às Urgências – RAU, fragilizando todos aqueles que a compõem, levando à precarização do trabalho e consequente adoecimento do trabalhador.

INTRODUCTION:

The choice of studying the organization and working conditions of SAMU workers in the Metropolitan Region of Fortaleza (SAMU / RMF) was due to the difficulty of accessing information that addresses this reality.

OBJECTIVE:

The present study has its objective on the investingation of the conditions and work organization of professional members of the mobile units of the SAMU of the Metropolitan Region of Fortaleza called SAMU/RMF.

MATERIAL AND METHODS:

The methodology used was qualitative from the semistructured interview and observation as well as bibliographic and documental which allows further analysis and articulate the information collected in the field.

RESULTS:

The profile of workers who participated in the study mostly consisted of male gender, married, with an average time working in healthcare for around 13 years and at SAMU/RMF for 03 years. It was raised that most respondents members of the mobile units have a second labor activity. The work organization found is precarious mainly by the nature of the employment relationship established between workers from SAMU/RMF and the administration represented by SAMU/Polo I/EC in which a significant proportion of respondents is outsourced. Other aspects that affect the organization turn to the integration between the components of the Emergency Care Network as well as members of their own staff of mobile units types USA and USB and the components of the Central Regulatory. We must also mention that the parameter used for the evaluation of staffs is based on the response time binomial and it is incompatible with the reality of workers SAMU/RMF what causes them great dissatisfaction given the lack of periodic maintenance of mobile units and geographical distances to be traveled by the target health facilities and also the poor maintenance of the highways. The positive condition of the work is the health inputs provision used in the care and placed in the mobile units and fueled by the dispensing area. Although there are aspects that hinder the work with regard to their conditions which are the commitment of the full functionality of some mobile units for lack of maintenance that exposes staff and patients to various risks. Physical structure of some decentralized bases are inadequated to provide the necessary rest to the working groups. The uniforms are uncomfortably hot and they are spread in insufficient numbers for replacement. There are also difficulties for the administration to receive notices such as illness or health problem symptoms of panic,crying, anxiety, forwarding such cases when expressed to Core Training Urgency called in Portuguese as NEU. It has being interpreted as a lack of training or even no adaptation the job as the worker away in the latter case assumes other responsibilities then his previosly routine. In the context of this study it was found that job insecurity leads to compromise the entire network for Attention to Emergencies called RAU.

CONCLUSION:

It has been weakening those who compose it also favoring practices that continually require the worker adequate answers to complex situations that are not faced with reality parameters which ends to weakening people and keeping them in precarious situations which leads them to the casualization of labor and consequently to illness.