Psicologia social e do trabalho na promoção da saúde do trabalhador

; (), 2014
Publication year: 2014

INTRODUÇÃO:

A prática do psicólogo nas organizações, como qualquer prática social, não pode ficar à parte das transformações do contexto e do desenvolvimento da ciência. Deste modo, no cenário contemporâneo, com as mudanças no mundo do trabalho, decorrentes da reestruturação produtiva, vem se demandando a ampliação dos espaços de intervenção dos profissionais que atuam nesse campo, e a saúde e bem-estar dos trabalhadores tem sido um dos aspectos por eles abordados. Assim, na busca da consolidação da Psicologia como ciência e profissão, a Psicologia Social e do Trabalho tem caminhado em prol de uma atuação comprometida com a visão singular sobre os processos de saúde e doença dos sujeitos nas suas relações de trabalho, ampliando os limites e possibilidade de atuação.

OBJETIVO:

Com essa perspectiva, o presente estudo objetivou analisar as práticas dos psicólogos do trabalho voltadas para a promoção da saúde dos trabalhadores.

MATERIAL E MÉTODO:

A investigação foi realizada com psicólogos que atuam em organizações de trabalho no Ceará e foi dividida em duas partes: qualitativa, através de entrevistas semiestruturadas com cinco profissionais; e quantitativa, através de questionários respondidos por 60 sujeitos.

RESULTADOS:

Na primeira parte do estudo, as entrevistas revelaram que os psicólogos que atuam nas organizações utilizam de maneira acrítica modelos e estratégias de ação em saúde na forma de programas pontuais, sem terem consciência do impacto e das repercussões que estes exercem sobre os sujeitos. No segundo momento, os dados quantitativos mostraram que 60% (f=36) dos participantes se consideram capacitados para a atuação na área; 57 (95%) acreditam haver relação entre trabalho e o processo saúde/doença. Constatou-se ainda que as interações entre trabalho e saúde são compreendidas em sua maioria a partir do modelo da Psicologia Social (f=32; 55,20%) e da Psicodinâmica do Trabalho (f=25; 43,30%), denotando o enveredamento para uma compreensão mais integral do sujeito, considerando sua totalidade histórica e social. Observou-se, todavia, que 58,70% (f=35) não realizem atividades voltadas para saúde do trabalhador; sendo ainda predominante a atuação centrada nas ações de recrutamento (f=24; 40%) e seleção (f=27; 45%).

CONCLUSÃO:

Conclui-se a necessidade de investimentos na formação de psicólogos para atuarem em organizações sob uma pespectiva da Psicologia Social e do Trabalho, na busca da ampliação e potencialização de suas possibilidades de trabalho, de forma crítica, voltada para a transformação da realidade dos grupos de trabalhadores e das suas relações sociais nas organizações. Faz-se necessário ainda assumir o desafio de uma atuação competente e socialmente relevante, voltada para a promoção da saúde do trabalhador.